Data: 11 de abril de 2015
Horário de saída: 07 horas
Duração:
9 horas
Local:
IF Farroupilha
Disciplinas:
Turismo Rural, Elaboração de Projetos Turísticos e Planejamento e
Organização do Turismo
Professor:
Charles Grazziotin, Alessandra Santiago e Eliane Coelho
ROTEIRO:
A
Fazenda do Itu é conhecida por ter sido o “refúgio” do
presidente Getúlio Vargas, que governou o Brasil entre os anos de
1930/1945 e 1951/1954. Durante os períodos em que o presidente
esteve na fazenda, esta se tornou um centro de referência da
política nacional, onde decisões importantes eram tomadas e onde
foi articulada a volta de Getúlio Vargas ao poder.
A
propriedade está localizada da divisa dos municípios de São Borja
e Itaqui, distante do campus São Borja do IF Farroupilha 84
quilômetros, sendo que 61 quilômetros deste trajeto são de estrada
pavimentada e 23 quilômetros sem pavimentação. O acesso é difícil
devido a falta de sinalização no caminho que indique a direção da
propriedade. Também não há placa de identificação na
propriedade. O percurso demorou aproximadamente 2 horas.
O
grupo foi recepcionado pelo senhor Adauri, funcionário da
propriedade. Inicialmente os alunos foram convidados a conhecer o
interior da casa que pertenceu ao Presidente Getúlio Vargas. Durante
toda a visita o funcionário explicou sobre a compra do local e a
preocupação pela preservação da história. Foi mencionado que a
propriedade foi comprada pelo atual proprietário, senhor Alceu
Nicola, no ano de 1995. A Fazenda Itu foi deixada em herança por
Getúlio Vargas para seus filhos Lutero e Alzira. A sede ficou com o
primeiro e este, consequentemente, também deixou a propriedade em
herança para sua filha Cândida. Como o Senhor Lutero desejava que a
Fazenda do Itu permanecesse com a família Vargas, elaborou um
documento impedindo a venda da propriedade para alguém que não pertencesse a família. A herdeira Cândida buscou formas legais de
anular o documento, e dessa forma a fazenda foi adquirida pelo senhor
Alceu Nicola.
O
atual proprietário tem interesse em manter a propriedade com acesso
do público e preservar a história. Por este motivo, devido ao fato
de não ter mais os móveis originais, foi contratado um pesquisador
para efetuar um levantamento de quais e como eram os móveis da casa
na época em que o Presidente Getúlio Vargas residiu no local. Após
os resultados iniciou a busca pelos móveis, sendo os mesmos
comprados no Brasil, Argentina e Uruguai e as camas foram compradas
na Europa.
Como
era comum o Presidente Getúlio Vargas sentar em uma rede na área da
frente da casa, ao receber visitantes essa cena é rememorada, e uma
rede é colocada no local para que as pessoas possam desfrutar e
fotografar.
Dentro
da casa também há uma sala que funciona como museu/memorial, onde
encontram-se quadros, livros, documentos, fotos e vários utensílios
que remetem ao Presidente.
A
fazenda contava inicialmente com cerca de 11.000 hectares, dos quais
uma parte, onde se encontra a sede da fazenda, passou aos atuais
proprietários. O prédio ainda possui características originais,
como parte de sua compartimentação, pisos, forros e detalhes de
esquadrias. Durante o período em que pertenceu ao filho Lutero
Vargas, foram construídos o frigorífico e o depósito. Sobre a
estrutura do prédio das cocheiras foi construída uma nova
edificação para eventos e hospedagem de visitantes, atualmente
denominado dormitório. São edificações em alvenaria de tijolos
argamassados com cobertura de zinco.
Cabe
destacar que cada dormitório do espaço de eventos possui uma placa
de identificação, com o nome de um feito importante do período de
governo do presidente. São eles: Petrobrás, B.N.D.E.S, C.L.T. e Indústria Automotiva. São quatro dormitórios com três camas de
solteira em cada um, um berço infantil e 72 colchões. O local
consegue comportar até 50 pessoas, distribuindo os colchões no piso
do prédio. O local ainda é composto por dois lavabos e dois espaços
para banho. Há uma grande sala dividida por uma mureta separando o
espeço entre sala de estar e cozinha. Neste espaço há uma lareira,
dois sofás, mesa com oito cadeiras, armários, fogão, geladeira,
freezer, pia e churrasqueira. Também são disponibilizados utensílios de cozinha e mesa.
O
estabelecimento aceita visitantes e cobra diárias nos valores de R$
10,00 para passar o dia e R$ 20,00 a estada com pernoite. Os valores
são individuais e não é disponibilizada ou oferecida nenhuma
refeição, sendo que o visitante deve atender a esta necessidade.
A
atividade realizada com os alunos incluiu a realização de um almoço
no local, que foi preparado pelo Prof Charles Grazziotin. O momento
do almoço foi anunciado com o toque do sino que está situado junto
a área da frente da casa, relembrando um costume antigo.
Após
a refeição, o grupo teve tempo disponível para descanso, que foi
aproveitado especialmente desfrutando a sombra das árvores em frente
a casa da fazenda. Foi interessante observar que muitas árvores
estavam identificadas com placas que indicam o nome científico e
popular da planta, com a presença da árvore Pau Brasil.
Além
das edificações da fazenda, está tombado também o monumento com o
busto de Getúlio Vargas e, nos limites da cerca existente, os muros
que circundam parcialmente a casa, as árvores plantadas pelo
Presidente Vargas, estruturas do antigo reservatório de água, o
pomar, a vegetação nativa e demais elementos que constituem o
local.
A
atividade foi acompanhada pelos professores Charles Grazziotin,
Eliane Coelho, Alessandra Santiago, Marcos Asturian, Natali Schmit e
Vanilson Silveira. A lista de alunos participantes está em anexo a
este relatório.
A
visita técnica foi bastante proveitosa e apreciada pelo grupo, foi
uma oportunidade de conhecer um importante cenário da história
política do Brasil e observar uma iniciativa privada de valorização
de patrimônio. Também permitiu valosas reflexões sobre o
desenvolvimento do turismo e o quanto aspectos como acesso,
sinalização e conservação afetam esta área de ação.
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